“Descubra a verdade e publique-a”. O bordão histórico de Jack Knight – o publisher fundador de um dos maiores complexos de comunicação dos Estados Unidos, a Knight-Ridder – talvez devesse ser reformulado para: “descubra a verdade e publique-a… na Internet”.
A frase é uma das muitas estocadas que o veterano jornalista Philip Meyer, analista rigoroso da perda de influência do jornal ante a concorrência das novas mídias, oferece em seu livro mais recente, “Os Jornais Podem Desaparecer?”
Meyer, que foi colaborador de Jack Knight durante anos e hoje leciona na Universidade da Carolina do Norte, já entra no assunto com a mordacidade que lhe é peculiar: constata que “se acreditarmos nos analistas de Wall Street, os jornais estão no ramo de apresentar os leitores aos anunciantes”.
Com a autoridade de quem já ganhou o pão freqüentando tanto o ambiente pulsante das redações, produzindo noticiário, quanto os gabinetes corporativos, silenciosos e bem decorados, onde as idecisões editoriais importantes são tomadas, ele avalia: “O motivo por que os jornais não são tão bons quanto na era de ouro não se deve à divisão entre Igreja e Estado. É que a palavra final capaz de solucionar o conflito entre lucro e prestação de serviço cabia antes a um indivíduo com espírito público, o publisher, que controlava os dois lados da parede e era rico e confiante o suficiente para fazer o que quisesse”.
Pena que os publishers – que Meyer chama de “os reis-filósofos da mídia moderna” – tenham saído de cena e dado lugar a executivos cujos empregos dependem dos resultados financeiros que possam mostrar aos acionistas. A esse respeito, o autor lembra uma situação que presenciou: “Frank Hawkins era diretor de relações corporativas da Knight Ridder em 1986, ano em que o grupo ganhou sete prêmios Pulitzer. No dia do anúncio dos prêmios, o valor das ações da empresa havia caído. Hawkins chamou um dos analistas da companhia e perguntou o motivo. ‘Porque vocês ganham prêmios Pulitzer demais’, respondeu o analista. ‘O dinheiro gasto nesses projetos deveria ser poupado para entrar no resultado financeiro’”.
Meyer lembra outro momento da história já um tanto remota da imprensa norte-americana -– o da queda do presidente Nixon. Para ele, o apoio dado por Katherine Graham, então dona do Washington Post, aos editores e repórteres do jornal que revelaram os crimes de Watergate não foi motivado pelo lucro, mas pelo senso de dever cívico. “No entanto”, escreveu, “o fato de o jornal dar lucro permitiu a ela o luxo de cumprir esse dever, embora fosse modesta quanto a isto”.
Meyer mostra que, até por volta de 1980, os jornais punham seu prestígio editorial e poder de influência à frente dos resultados financeiros, embora já não fossem nem sombra do que haviam sido nas primeiras décadas do século, quando praticamente monopolizavam a veiculação de publicidade. Em 1946, na aurora da era da televisão, os jornais detinham 34% do mercado publicitário. Na segunda metade do século 20, essa participação havia caído para 20%, mas ainda assim eles ganhavam dinheiro porque o mercado publicitário havia crescido.
Mas a TV e, depois, a Internet mudariam drasticamente o cenário. Entre um golpe e outro, as empresas jornalísticas ainda por cima se transformaram em sociedades de capital aberto, geridas por profissionais, não mais por figuras carismáticas, comprometidas com as comunidades que serviam. Por isso, diz Meyer, o executivo de plantão concentra sua atenção mais no desempenho de curto prazo das corporações do que no portfolio destas.
Os estudos citados por Meyer mostram que o declínio mais acentuado da confiança nos jornais aconteceu entre 1991 e 1993. Se continuasse no mesmo ritmo, chegaria a zero, segundo os gráficos, já em 2015. E, seguindo a mesma escala, a leitura do jornais diários já não existiria em 2043. “Desde que a geração dos baby boomers envelheceu” — ele notou – “sabemos que os jovens lêem menos jornais do que os mais velhos. Durante anos nos consolamos, achando que eles se tornariam parecidos conosco e adotariam o hábito de ler jornais quando fossem mais velhos, mas isto nunca aconteceu”.
Então, há salvação para os jornais? A maneira de garantir o futuro deles, responde Meyer, seria conservar sua influência e bancar os custos de experiências radicais que mostrem novas formas viáveis de mídia. A recuperação da influência social do jornal, segundo ele, dependeria da prática do bom jornalismo, que, por sua vez, é pré-requisito para o sucesso financeiro. Assim se criaria, para o autor, um círculo virtuoso. (Sebastião Aguiar)
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