O capital social pode salvar sua vida.

senior-woman-gardening-21407441Quando envelhecemos, tendemos a nos apartar de familiares e amigos – o que pode prejudicar nossa saúde física e mental. Então, como conceber comunidades para idosos que facilitem seus laços sociais?

Um artigo da jornalista Jill Suttie, publicado no Greater Good Science Center (GGSC), da Universidade Berkeley, na Califórnia, retrata a realidade de Margaret, uma dinâmica e risonha senhora de 73 anos que há vinte vive numa comunidade rural chamada Potluck Farm, com outros internos e famílias em uma propriedade de 69 hectares na Carolina do Norte, nos EUA.
Margaret, recentemente, convenceu-se de que está ficando mais velha e, embora adore a comunidade rural onde vive, e sua casa, situada à parte da propriedade principal, numa área de dois hectares e meio, o fato é que ela e os vizinhos não se viam tanto quanto gostariam, nem podiam ajudar-se mutuamente. Além disso, cuidar da sua área particular estava exigindo cada vez mais esforço do seu corpo cansado.
Então, ela e alguns amigos começaram a construir uma nova comunidade – menor e bem próxima à antiga –, com casas erguidas próximas umas das outras, de forma a facilitar a participação de todos nas atividades e que também permitisse que cada família cultivasse seus alimentos e levassem a vida como quisessem, cuidando uns dos outros.
“A coisa mais importante numa comunidade como esta é haver pessoas que te apoiem e acompanhem”, diz Margaret. “Cuidar dos outros te torna viva e saudável”.
A conclusão é que Margaret e seus amigos descobriram algo importante, pois pesquisadores já sabiam dos benefícios à saúde do “capital social” – os laços que criam confiança, ligação e participação. Essas qualidades são ainda mais importantes para pessoas idosas, exatamente porque tanto sua saúde como seu capital social tendem a diminuir quando se envelhece. Deixamos nossas profissões, perdemos amigos e parentes para a morte ou para as doenças, vemos parentes se mudarem para longe, e tudo isto impacta profundamente os contatos sociais e estímulos de vida, com consequências evidentes para a saúde física e mental.

Felizmente, entretanto, isto tem solução. Estudos e mais estudos vêm descobrindo como comunidades podem promover participação, amizade e felicidade nos anos tardios.
Yvonne Michael, epidemiologista da Escola de Saúde Pública da Universidade Drexel, estuda os efeitos do capital social em idosos. Para medir o capital social de uma comunidade, ela aplicou um questionário em milhares de indivíduos de diferentes regiões, com perguntas como: “ Seus vizinhos aceitam ajudar uns aos outros em tarefas do dia a dia ?” “Você confia em seus vizinhos ?” Com base nas respostas, Yvonne estabelece as conexões entre saúde, comportamento e capital social.

Conexões sociais salvam vidas
Níveis mais elevados de interação social podem trazer grande benefício aos idosos, diz Bryan James, epidemiologista do Rush Alzheimer’s Disease Center em Chicago. E embora não veja o capital social da mesma forma que a doutora Michael – como medida para toda uma comunidade –, ele avalia o impacto que níveis mais altos de atividade social produzem na saúde.
Em um de seus estudos, ele investigou em que medida a presença ou ausência de atividade social contribui para o declínio cognitivo. Mais de 1100 idosos sem demência foram acompanhados quanto aos seus níveis de atividade social, testados por um período de 12 anos. O índice de declínio cognitivo se revelou 70% menor em pessoas com contatos sociais frequentes em relação àqueles com baixa atividade social.
“Quando você usa o corpo e a mente com atividades para as quais eles foram feitos, envelhece-se melhor”, diz ele. “Nós, de fato, não fomos feitos para viver separados.”

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