Há atualmente nos Estados Unidos mais de quatro milhões de cidadãos afro-americanos com mais de 65 anos de idade, com previsão de que esse número chegue aos 12 milhões por volta de 2060. Tanto quanto o restante da população, os idosos afro-americanos vivem cada vez por mais tempo.
Diferentemente dos idosos brancos, porém, os idosos afro-americanos vivem condições de saúde bem distintas, incluindo menor expectativa de vida e riscos de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, demência, AVC e câncer.
Mais recentemente tem havido mais interesse a respeito do impacto da discriminação racial na qualidade de vida dos afro-americanos, em parte por causa do “Black Lives Matter”.
A realidade mostra que afro-americanos – jovens e idosos – experimentam atos de discriminação sutis ou ostensivos. Os mais idosos, porém, sentem-na cumulativamente na forma de estresse que impacta negativamente sua saúde física e mental.
Apesar da vulnerabilidade dos afro-americanos mais idosos aos efeitos do estresse relacionado ao racismo, é preciso que se trate com mais foco desses efeitos. Para tanto, aqueles que trabalham com idosos e cuidadores em geral precisam desenvolver acurácia, educação e treinamento para tratar com competência o problema entre os afro-americanos idosos.
O estresse relacionado ao racismo ocorre quando um indivíduo experimenta ou testemunha incidentes racistas que lembrem situações sociais e históricas de racismo. Para afro-americanos idosos, tais eventos se acumulam em sua experiência de vida, guardados na memória, e são revividos a cada novo evento racista ou discriminatório.
Além disso, a idade impacta mental e fisicamente sua resposta ao racismo. A exposição a tais acontecimentos resulta em acesso mais limitado aos recursos da educação, emprego, cuidados médicos ou participação política, o que leva a disparidades e índices crescentes de desordens mentais, tais como depressão, ansiedade e demência.
O acesso reduzido aos recursos da comunidade (como mercados, farmácias ou provedores de saúde para idosos, transporte, serviços domésticos etc) contribui significativamente para o estresse e cria barreiras na busca por saúde e produtividade na velhice.
Para afro-americanos, os efeitos do racismo são sentidos diariamente. O racismo se agrega e outras formas de discriminação, incluindo o preconceito contra a idade, classe social, sexismo e heterossexismo.
Daí a necessidade de se enxergar a situação com as lentes com as quais os indivíduos veem essas experiências. Ouvir com empatia, reconhecer e compreender situações do passado e do presente, oferecer apoio para argumentos, sentimentos e experiências compartilhadas.
É preciso criar espaços seguros, oferecer oportunidades de diálogo sobre raça, cultura, gênero, sexualidade e questões socioeconômicas. Apoiar, estreitar laços e enaltecer a resiliência. Resiliência diz respeito à habilidade de se adaptar e superar acontecimentos como o estresse e o trauma. Afro-americanos idosos têm raízes firmemente plantadas na esperança e na determinação.
Apoie a espiritualidade, os laços familiares e a identidade forte e positiva da identidade de grupo racial. Celebre a cultura, organize e encoraje atividades que homenageiem a vida, a história, a cultura, costumes e normas afro-americanos.
Preste atenção ao impacto causado por eventos e incidentes continuamente mostrados pela mídia (tv, rádio ou jornais). Quando possível, reduza a exposição a eles.
Fique atenta. Examine sua própria herança cultural e a influência que ela produz em seus valores e opiniões Busque oportunidades de treinamento para cuidados geriátricos, com atenção especial ao estresse produzido pela raça.
Indique serviços de saúde mental e apoio. Muitos afro-americanos idosos têm qualidades como espiritualidade e rede de relacionamentos para administrar experiências de racismo. Porém, quando necessário, serviços de saúde mental e de comportamento devem ser utilizados. Apoie e promova esforços pela melhora local e nacional de recursos para a vida mais satisfatória de afro-americanos.