Como reconhecer quando seu ente querido está morrendo? O artigo é de Angela Morrow, publicado no site verywellhealth.com, em setembro de 2019.

O processo de morte geralmente tem início bem antes de que aconteça. E entendê-lo poderá ajudar a reconhecer quando o ente querido está se despedindo. Há mudanças notadas no físico, no comportamento e no aspecto psicológico que sinalizam a aproximação do fim da vida no trajeto até ela,.
A morte significa uma jornada vivida por cada indivíduo de maneira única. Nada é concreto nem está escrito na pedra. Há muitos atalhos que podem ser tomados, embora todos levem ao mesmo destino. O que ocorre no caminho para o fim – com início em geral de um a três meses antes do evento, durante as duas últimas semanas de vida e nos poucos dias que antecedem o desenlace? Resumindo, como saber quando a morte virá?
O processo. Quando uma pessoa se aproxima da morte, tem início a passagem do mundo conhecido para o desconhecido que a espera adiante. Quando começa, experimenta-se a descoberta dessa realidade tão dura e toma-se consciência da mortalidade. A jornada, no final das contas, leva à despedida do corpo.
Há marcos sinalizadores ao longo do caminho. Se cada um vive a morte à sua própria maneira, nem todos obedecerão a esses marcos. Alguns atingem esses sinalizadores mas outros podem se deter a cada novo marco, “dando um tempo” na caminhada. Alguns podem levar meses até o fim, outros, dias. Vamos discutir o que se descobriu através de pesquisas em relação à jornada que muitos empreendem, sempre tendo em mente que o caminho está sujeito à ação ou vontade do viajante.
De um a três meses antes. Quando falamos do trajeto nesse período, podemos usar a expressão “ele” ou “ela”, mas o processo é muito parecido para um e outro. Mas há algumas diferenças. Mulheres costumam rever suas vidas e sentir algum arrependimento em relação a seus relacionamentos. Homens evitam sentimentos, não querendo demonstrar que precisam de ajuda e simpatia.
Mudanças psicológicas. Quando a pessoa começa a aceitar que é mortal e percebe a aproximação do desfecho, ela tende a se afastar das pessoas ao redor. Estão experimentando o movimento de separação da vida encarnada e das pessoas. Pode querer evitar as visitas de amigos, vizinhos e membros da família. Quando aceita, parece ser mais difícil de interagir e se importar com elas. É o tempo de a pessoa contemplar sua vida e revisitar lembranças, de expressar arrependimentos. Ela também pode assumir as cinco tarefas da morte..
Mudanças no físico. Quem vai morrer perde peso e apetite, pois o corpo desacelera seus processos. Não precisa da mesma energia que o alimento proporcionava antes. Pode dormir mais e não se interessar por coisas de que antes gostava. Dispensa nutrição via alimentos. O corpo então, neste processo, faz algo maravilhoso, pois a química que produz se traduz em suave senso de euforia. Não tem fome ou sede, portanto passa bem sem se alimentar. Isto faz parte da jornada que está empreendendo.
Uma ou duas semanas antes. O processo se acelera então e pode se mostrar assustador para os familiares. Neste ponto, é recomendável não tentar “corrigir” o paciente se ele lhe disser algo que não faz sentido. Ouçam-no gentilmente e o apoiem em sua argumentação. Se ele teimar que está vendo entes queridos que morreram há tempos, apenas deixe que ele diga. Não temos como saber se são alucinações ou se viram algo que nós não temos como ver. Apenas ame-o.
Mudanças do raciocínio. Agora é quando a pessoa dorme a maior parte do tempo. Demonstrações de desorientação e de senso alterado de percepção podem ser esperados. Podem surgir alucinações, como medo de inimigos ocultos ou sentimentos de ser invencível.
Às vezes, ela vê ou conversa com pessoas que não estão ali, frequentemente por já terem morrido. Isto se explica pelo fato de ter sido erguido o véu que separa esta vida da próxima. Também pode eventualmente querer livrar-se dos lençóis e roupas, em estado de agitação. Movimentos e ações parecem ser involuntários e sem sentido para os que estão próximos. O paciente está muito além da vida deste planeta.
Mudanças no corpo. Seu corpo tem mais dificuldade de se manter e o ente querido deverá precisar de ajuda para qualquer movimento que precise ser feito. Será difícil engolir medicamentos. Se fizer uso de pílulas para dor, será hora de apelar para a morfina. Há sinais emitidos pelo corpo nesse período:
● A temperatura do corpo se reduz em um grau ou mais;
● A pressão sanguínea também é reduzida;
● O pulso se torna irregular, podendo acelerar ou baixar;
● Há aumento da transpiração;
● A cor da pele se modifica com a diminuição da circulação. Isto é mais perceptível nos lábios e as unhas se tornam pálidas e azuladas;
● Há mudanças na respiração, geralmente ficando mais rápida e difícil. Aparecem congestões, causando rouquidão e tosse;
● A fala diminui ou eventualmente desaparece;
● Períodos de quietude são interrompidos por movimentos bruscos de pernas e braços.
A hora da morte está chegando. Os familiares podem se surpreender, pois o ente querido apresenta uma melhora geral ao se aproximar da morte –- é a “visita da saúde”. Ele pode querer se levantar do leito, falar com todos ou pedir determinado alimento depois de dias sem apetite. Alguns parentes são levados a crer que o paciente está melhor, e se decepcionam quando a energia vai embora. Saiba que isto é comum e indica que ele está indo embora. Esta “visita da saúde” pode não ser percebida mas é uma chance de a pessoa se expressar pela última vez antes de partir.
Este último fôlego é curto e apresenta sinais mais pronunciados de instabilidade experimentados antes. A respiração fica ainda mais irregular e mais curta, com períodos sem respiração alguma. As congestões aéreas aumentam, com aumento de ruído. Isto pode parecer muito difícil para a família e amigos, mas não parecem ser desagradáveis para quem está morrendo.
Os pés e mãos se tornam manchados e roxos. As manchas sobem para os braços e pernas. Lábios e unhas ficam azulados ou púrpura, os lábios amolecem. O paciente já não consegue responder, os olhos ficam abertos ou semiabertos, mas não vêm à volta. Considera-se que a audição é o último sentido que se vai. Assim, recomenda-se aos que amam o paciente que se sentem junto a ele e falem com ele nessa hora. Eventualmente, a respiração vai terminar e o coração vai parar. A morte chegou.