Segundo um artigo recente da revista britânica The Economist, os americanos estão vivendo mais, mas se aposentam mais cedo que há 50 anos. As pensões se tornaram menos generosas, o Seguro Social também, as despesas médicas cresceram e, ainda por cima, eles não economizaram o que deveriam para a velhice.
Tudo somado, o sistema americano vive uma crise de crescimento e, segundo o recém-lançado livro de Charles Ellis, Alicia Munnell e Andrew Eschtruth, só há três saídas para a situação: os aposentados devem aprender a viver com menos, trabalhar por mais tempo ou economizar durante o período produtivo. As duas últimas opções são as mais recomendáveis, embora obviamente menos atraentes.
Primeiro, o problema. A duração média de vida dos aposentados aumentou de 16 anos, na década de 1960, para 20 anos, agora. Há 50% de chance de que um membro do casal aposentado viva até os 93 anos. A idade média deles é 64 anos (o limite mínimo é 62), mais baixa do que em 1960.
Para a maior parte dos americanos, a principal renda nesse período da vida provém do Seguro Social, a pensão do governo. Originalmente, o princípio que norteava o sistema era que o trabalhador recebesse de pensão o que havia pago nos anos de trabalho. Esse princípio, porém, foi desvirtuado pelas aposentadorias precoces, em que se recebe muito mais do que se contribuiu. Se continuar como está, o fundo com que se paga o Seguro Social se esgotará em 2023, pois o sistema é essencialmente “saiu, recebeu”.
Várias tentativas de ajuste de suas finanças fizeram com que o Seguro Social pagasse menos, proporcionalmente, do que se ganhava quando na ativa. Durante as décadas de 1980 e 1990, essa taxa de substituição estava por volta de 40% para o trabalhador médio. Porém, a idade formal de aposentadoria está subindo para 67 anos. Os que se aposentam antes do tempo recebem menos que os demais. Os impostos ficaram mais pesados para esses trabalhadores: em 1985 apenas 10% dos que recebiam Seguro Social eram tributados; agora 37% são. Os cuidados médicos ficaram mais caros e são descontados diretamente das pensões. O efeito esperado é a queda da taxa de reposição para 31%, por volta de 2030. Se o Congresso decidir reabastecer o fundo de pensões com corte de benefícios, a taxa cairá ainda mais.
Enquanto isso, para trabalhadores de empresas privadas, os tipos de pensões que determinavam o salário final a ser recebido foram substituídos por contribuições menos generosas, conhecidas como 401 (k)s, que não só expõem esses empregados a investimentos de risco como impõem perdas de cerca de 9% no que recebem anualmente.
Dito isto, o que se pode fazer? Os trabalhadores precisarão trabalhar por mais tempo. No sistema atual do Seguro Social americano, adiar a aposentadoria para os 70 anos importa em um aumento de 76% na pensão, comparada com quem se aposentou aos 62.
De qualquer forma, os trabalhadores precisarão ter mais atenção com suas necessidades de ganho: uma pesquisa feita em 2014 mostrou que 36% dos trabalhadores nada tinham guardado para os tempos de descanso, e 56% nem mesmo tinham ideia de quanto dinheiro poderiam precisar. (de The Economist)